Pantanal supera incêndio e encanta com diversidade

Planície pantaneira no início do período de chuva quando os campos ainda não estão alagados

Em um lago pantanoso no início da temporada das chuvas, jacarés aos montes dividem as águas rasas e escuras com capivaras, garças, gaviões, tuiuiús, cavalos e gado. Cada um na sua! Jacarés enfileiram-se na margem para um banho de sol. Grupos de capivaras entram na água para um banho refrescante. Cavalos aproximam-se para um gole de água. Pássaros em voos rasantes cantam e pescam a primeira refeição do dia. Amanheceu no Pantanal.

É ao sul de Cuiabá (MT), a cerca de 100 km do Aeroporto Internacional Marechal Rondon, que começa a mais tradicional jornada em uma das maiores planícies alagadas contínuas do planeta, o Pantanal brasileiro. O bioma reconhecido pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera ultrapassa os limites do estado de Mato Grosso, alcançando os vizinhos Mato Grosso do Sul, Bolívia e Paraguai. Entretanto, é do pequeno município de Poconé, por dois séculos rota de desbravadores de ouro e outras pedras preciosas, que turistas de todo o mundo partem para descobrir o que o Pantanal tem.

O Pantanal é um território em constante transformação. A região tem duas estações marcantes (chuvosa e seca) e, de acordo com o período, apresenta características e cenários bem diferentes. Portanto, para evitar frustrações e dificuldades, é importante entender as peculiaridades desse território antes de uma visita.

Se o objetivo é conferir de perto a maior área úmida do planeta navegando por suas planícies alagadas repletas de plantas aquáticas, o período mais indicado é o ápice da estação chuvosa (janeiro a março). Agora, se a intenção for caminhar por trilhas, avistar campos floridos e conferir a fauna em abundância, especialmente pássaros, a estação seca é a mais recomendada (julho a setembro).

Minha viagem ao Pantanal mato-grossense aconteceu na transição entre as duas estações no réveillon de 2022/2023, dois anos depois do maior incêndio da história do Pantanal. Insetos vorazes estavam a minha espera (risos). Nessa época, o tempo é bastante imprevisível. Faz bastante calor mas também chove a qualquer momento.

Transpantaneira (MT-060) na companhia do seu Antonio, guia da Pousada Piuval

A artéria principal do Pantanal de Mato Grosso chama-se Rodovia Transpantaneira (MT-060). Com cerca de 150 km de extensão entre as cidades de Poconé e Porto Jofre, ela é bastante conhecida por suas pontes de madeira em estado deplorável de conservação. Quase toda em terra batida, a estrada possui diversos trechos intransitáveis para carros convencionais sem tração 4x4.


É desgastante percorrer toda a estrada em um único dia. Pode ser uma viagem de mais de 7 horas. Por isso, o mais indicado é dividir a viagem. Ao longo da Transpantaneira, principalmente na sua primeira metade a partir de Poconé, ficam as mais conhecidas pousadas do Pantanal matogrossense. 

Essas pousadas, que variam conforme o grau de conforto, estrutura de lazer e atrativos naturais, ficam no meio do nada. Elas localizam-se dentro de estâncias pantaneiras. Por isso, o esquema mais comum por essas bandas é o all-inclusive. Você dorme, toma café da manhã, almoça e janta dentro das instalações das pousadas. Nesse esquema, há um cardápio variado de passeios, que pode estar ou não incluído na diária. 




Saídas para avistamento de aves e outros animais é o mais oferecido. Na época em que as planícies estão alagadas, esse passeio é feito em pequenos barcos a motor. Caso contrário, os visitantes são levados em caminhonetes abertas adaptadas para safari. 

Todo mundo quer ir ao Pantanal para ver onça pintada, símbolo da região. Em Porto Jofre há pousadas especializadas em passeio para vê-las, mas ele é oferecido em épocas específicas do ano. Não vi onça! Em Porto Jofre é baixa temporada no fim do ano, as onças desaparecem e as pousadas fecham as portas. Fiquei hospedada no outro extremo da Transpantaneira, na Pousada Piuval, uma das mais antigas da região.

Mas nem só de onça vive o Pantanal. Jacaré tem aos montes. Capivara, também. Se der sorte, pode ficar cara a cara com um tamanduá bandeira ou um cervo do Pantanal. Aves são inúmeras, de tamanhos e cores variadas. E, claro, cavalos e gado. 

Peguei dias de bastante calor para uma paulistana mas com pancadas de chuva a qualquer hora, o que trazia um certo refresco. Mas chuva trouxe também os insetos, e muitas vez o repelente não deu conta. 

O Pantanal, portanto, é uma viagem para desacelerar, valorizar as coisas simples e deixar o tempo ditar o ritmo do dia. 


1. Observar de perto jacarés e filhotes à beira dos lagos



2. Flagrar cervos do Pantanal selvagens na Transpantaneira



3. Avistar aves de variados tamanhos e cores



4. Ficar cara a cara com o Tuiuiu, ave símbolo do Pantanal



5. Montar um cavalo pantaneiro



6. Acompanhar um entardecer pantaneiro 



7. Fazer uma focagem noturna




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