Atacama: o que você precisa saber antes de viajar

Se está nos seus planos fazer uma viagem para o deserto do Atacama tem que ter muito claro algumas informações importantíssimas. A primeira é que, pode parecer óbvio, mas se trata de um deserto e, portanto, um lugar bastante inóspito. Eu diria que é uma viagem de extremos. A começar pela temperatura. Eu viajei para lá no início do outono (abril). Cheguei a pegar -5ºC ao amanhecer e 30ºC à tarde. Portanto, já percebeu que sua mala precisa ter de tudo um pouco. Biquini e sunga também, porque em alguns passeios você vai precisar. Ah, o clima é muito seco. Abuse do hidratante no corpo e é bom levar algo para o nariz, porque a secura pode causar até sangramentos.


Rua principal de San Pedro de Atacama e suas construções de adobe e o piso de terra


Preços
Por falar em passeios, o Atacama não é um lugar barato não. Por causa das grandes distâncias que se tem que percorrer para chegar aos "pontos turísticos" no deserto, é preciso contratar os serviços de passeios das agências de turismo. Elas estão por toda a parte na pequenina San Pedro de Atacama, a cidade que é a base do turismo na região. Eu fiz um primeiro contato por email com algumas delas ainda no Brasil e, depois, com uma lista de quatro alternativas nas mãos fui pessoalmente a elas obter mais detalhes assim que cheguei à cidade. Não se perde muito tempo porque elas ficam todas concentradas praticamente em uma única rua, a Caracoles (principal da cidade), e o melhor é que, se negociar, consegue descontos, o que dificilmente conseguiria do Brasil.

Agências de turismo
Outro cuidado que precisa ter é com os preços dos passeios, que variam muito e, muitas vezes, essa diferença significa também roteiros diferentes. Nesses casos, o barato, às vezes, fica caro. Preste atenção nisso, porque algumas agências oferecem preços mais acessíveis, mas os passeios são mais curtos ou o meio de transporte não é confortável. Pergunte sempre qual é o percurso e como é o veículo porque você terá que passar, às vezes, duas ou três horas nele para chegar ao seu destino.

Câmbio
Não se preocupe que em San Pedro há muitas casas de câmbio e eu encontrei cotações melhores lá do que no aeroporto de Santiago de Chile. No aeroporto de Calama, NÃO há onde fazer câmbio. Mas tem um detalhe importante. Não recomendo chegar a Calama (onde você tem que pegar um transfer de uma hora e meia até San Pedro de Atacama) sem pesos chilenos (moeda local) no bolso porque terá que pagar o transfer e, se tiver somente dólar, a cotação feita por eles não é nada favorável.

Transfer aeroporto de Calama - San Pedro de Atacama
A principal operadora é a Licancabur.  O transfer ida-volta custou 22 mil pesos chilenos (maio/2014).  Logo no saguão de retirada das bagagens você verá o balcão dela. Mas eu me dei muito mal porque não tinha pesos no bolso. Eu deveria ter trocado um pouco (somente para pagar o transfer) no aeroporto de Santiago. A Lincancabur usou a cotação US$ 1 = 450 pesos. Uma extorsão!!!!! Em San Pedro, troquei cada dólar por 554 pesos. No aeroporto de Santiago a cotação era um pouco menor (530 pesos), mas mesmo assim seria melhor do que pagar o que cobrou a operadora do transfer.

Opções de passeios
Há uma diversidade enorme de passeios para fazer no Atacama. Nos próximos posts vou dar detalhes de cada um dos que fiz, mas agora vou listar os mais populares.
Valle de la Luna
Geyser del Tatio
Salar de Atacama e Lagunas Altiplanicas
Laguna Cejar y Tebinquinche
Salar de Tara


Mapa de San Pedro de Atacama




SALAR DE ATACAMA, LAGUNAS ALTIPLÂNICAS E SALAR DE TALAR

Esse é um tour tradicional, mas, como já disse, ele pode ser mais ou menos interessante dependendo do percurso oferecido pela agência de turismo. Ele pode ser feito como um passeio de meio dia ou de dia inteiro. Eu optei pelo segundo e não me arrependi. Pelo contrário. Visitei lugares que o tour regular não faz, como o Salar de Talar, com direito a almoço/piquenique de frente para a cordilheira. Um dos mais belos cenários da viagem.

Salar de Talar
Mesa do almoço/piquenique durante o passeio
O passeio começa com uma visita ao povoado de Toconao. Depois seguimos para a Reserva Nacional dos Flamingos, no Salar de Atacama, o mais próximo de San Pedro e onde, se tiver sorte e chegar bem cedo, pode ver de perto flamingos, que são bem arredios.

Salar de Atacama
 As cores do Salar de Atacama são um show à parte. O azul do céu é incrível, quase não há nuvem e o chão de sal também surpreende. Com esse cenário, desfrutamos do café da manhã organizado pela agência.

Crosta de sal: chão do Salar de Atacama

Seguimos então para a sequência de lagunas altiplanicas _ a mais de 4.200 metros de altitude (Miscanti e Miniques). Apesar do sol na foto, não se engane, faz bastante frio.

Laguna Miscanti
A maioria dos tours das lagunas altiplânicas acaba aqui. Mas a agência onde fechei o passeio (Cosmo Andino) faz um roteiro diferenciado e desse ponto fomos conhecer um salar que está entre os mais distantes do Atacama, o Salar de Talar, onde tivemos o almoço. A chegada a San Pedro foi por volta das 18 horas.

Por não exigir muito esforço físico, esse é um passeio indicado para ajudar na aclimatação. Portanto, pode fazê-lo nos primeiros dias de sua estadia.


MAR MORTO CHILENO E PÔR DO SOL COM PISCO SOUR

Sempre que viajo procuro fazer do por-do-sol um momento para contemplar e relaxar. Em boa companhia, ver literalmente o tempo passar e, se tiver um bom drink ou uma taça de vinho, melhor ainda. O passeio de fim de tarde à Laguna Cejar, Olhos de Cenotes e Laguna Tebinquinche resume tudo isso.

Laguna Cejar

Primeiro, um mergulo inusitado, ao menos, para mim, que nunca fui ao Mar Morto. A Laguna Cejar, que fica no meio do Salar do Atacama, é conhecida como o Mar Morto chileno porque é impossível o corpo afundar (mesmo que queira). É um poço de 25 metros de profundidade com uma água azul incrível. A água é fria, confesso. Mas vale a experiência. A borda branca denuncia: é sal. E é exatamente a alta concentração dele que impede de afundar. Mesmo que não saiba nadar como eu. A entrada na lagoa exige alguns cuidados, como não enfiar a cabeça debaixo da água por causa do sal. Vai arder olhos e boca e a pele de rosto pode ficar irritada. O recomendável é ficar boiando, deixar a água te levar e relaxar.


Mergulho exige alguns cuidados por causa da alta concentração de sal

Depois do mergulho a pele fica toda esbranquiçada e é indicado na sequência um banho de água doce. No local há duchas e vestiários. Como o sol nesse horário, lá pelas 5h da tarde, já está mais ameno, pode aproveitar e deitar à beira da lagoa. O chão parece ser de uma areia fininha, mas é sal.

Piso de sal
  Eu fui à Cejar numa segunda-feira. Estava bastante tranquila e tinha poucos visitantes. Pude ter o privilégio de ter a lagoa só pra mim. Prefiro assim. Já, aos finais de semana, a procura aumenta e você pode correr o risco de vê-la como um piscinão de Ramos ou a praia da Copacabana.



A laguna Cejar é apenas a primeira parada do passeio da tarde. Depois, segui para os Ojos de Cenotes ou Ojos do Salar. Nada de muito especial. São dois poços imensos de água doce no meio do salar. Quem quiser pode dar um mergulho, mas como eu já tinha aproveitado a Cejar, aproveitei para mais fotos.


A seguir, a parte mais especial desse passeio. Ao menos, para mim. O por-do-sol na Laguna Tebinquinche. O sol se põe tarde no Atacama. No verão depois das 8h da noite e, no outuno, lá pelas 7h30. O espetáculo é acompanhar a mudança de cores na Cordilheira dos Andes. De marrom, ela vai ganhando uma coloração mais quente até chegar ao avermelhado, num contraste único com o azul do céu sem nenhuma nuvem.

Laguna Tebinquinche a uma hora do por-do-sol e com o vulcão mais famoso do Atacama, o Licancabur (à esq.) 

O piso de sal da Tebinquinche é branquinho e diferente dos outros; parece neve de longe

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Início do espetáculo do por-do-sol

A noite começa a cair no deserto; cordilheira avermelhada ao fundo

Esqueci de dizer que esse passeio, normalmente, inclui um mimo: pisco sour e comidinhas para acompanhar o por-do-sol. Foi sensacional!!!! Existe também a opção de fazer o passeio de bike. Mas eu não recomendo porque o caminho é um pouco monótono, sempre a mesma paisagem. Gosto de pedalar tendo o que apreciar e não apenas pelo exercício físico.

Pisco sour para brindar o por-do-sol no deserto

VALES DA LUA E DA MORTE

É o passeio mais popular do Atacama e também o mais perto de San Pedro de Atacama. Pode ser feito com as agências de turismo ou por conta própria. Muitas pessoas visitam o local de bicicleta. Mas adianto que, se optar pela bike, prepare o fôlego porque há muitas subidas.


Vale da Lua
  
O passeio ao Vale da Lua e da Morte costuma ser o primeiro tour de quem chega ao Atacama. Mas eu inverti essa ordem e talvez tenha sido por isso que ele não me marcou tanto. Eu já tinha feito todos os outros passeios e visto tantas paisagens incríveis que o Vale da Lua e da Morte não surpreendeu. 

Vale da Lua
Mesmo assim, é um lugar que tem que ir. O passeio é feito em meio dia, podendo ser pela manhã ou à tarde. Eu preferi à tarde porque queria pegar o pôr-do-sol. O Vale da Lua é um terreno bastante acidentado, com várias formações de sal e leva esse nome por lembrar as crateras lunares. Ele está dentro de um parque e, portanto, a entrada é paga. É preciso carro ou bicicleta para percorrer os pontos turísticos dentro dele porque as distâncias são longas. Os locais a serem visitados são as Três Marias, o Anfiteatro, a Mina de Sal e a Duna Maior.

Três Marias

Antiga mina de Sal
A próxima parada é no Vale da Morte, que fica no lado oposto do Vale da Lua. A principal parada é na pedra do Coiote, o favorito para fotos e de onde se vê o pôr-do-sol. 

Pedra do Coiote

TOUR ASTRONÔMICO

Tudo começa com os visitantes posicionados em um grande círculo ao ar livre a uns 15 minutos do centro de San Pedro de Atacama. A pouca iluminação no imenso descampado faz o céu "gritar". Acredite, não há exagero nessa descrição. O Atacama é um dos melhores lugares do mundo para a observação de estrelas, planetas e, claro, a lua. Não é à toa que as maiores comunidades astronômicas internacionais escolheram o deserto chileno para instalar o mais importante projeto astronômico em andamento atualmente. Ele se chama ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) e o centro de estudos, onde ficam as antenas e um poderoso telescópio, pode ser visto no caminho de alguns passeios. (Quando estive no Atacama, eles não aceitavam visitas, mas um seguidor do blog me disse recentemente que a ALMA passou a receber visitantes. É só entrar no site deles e fazer a reserva). 

Lua fotografada durante o tour com a ajuda de um telescópio


Quando estava planejando o roteiro no Atacama tive dúvidas se o tour astronômico oferecido nas agências de turismo era realmente obrigatório. Mas, depois da minha primeira noite em solo atacamenho, quando vi a olho nu o céu mais estrelado da minha vida, decidi que pagaria US$ 30 pelo passeio. Eu sempre fui uma "analfabeta celestial", mas entendi que o que faz do Atacama um lugar especial para observação do céu é a quase completa ausência de nuvens. Ele é o deserto mais seco do mundo. Durante o dia, o céu é de um azul incrível. À noite, as estrelas brilham numa imensidão negra.

Como já disse, há várias agências que fazem o tour, mas existe uma que é, digamos, a pioneira. Eu fiz com ela: Space, que pertence a um astrônomo francês que se casou com uma chilena e tem no quintal de casa um observatório com cerca de 10 telescópios.

Para chegar até lá, você pega um microonibus reservado para o grupo na porta da agência. O passeio começa com uma aula sobre noções básicas de astronomia no quintal do francês. Nessa hora, percebi o quanto não sabia nada sobre o céu. Você sabia que algumas estrelas estão tão, tão, tão distantes da Terra que a imagem que vemos delas é de mais de 400 anos atrás? Esse é o tempo que a imagem delas leva para chegar até nós. Algo inimaginável para pobres mortais, não!

Crateras lunares visíveis com o telescópio

Encerrada essa parte, fomos aos telescópios observar a lua _ meu deus, deu para ver até os furinhos dela _ , os aneis de Saturno e até estrelas coloridas..... Depois de quase duas horas, o passeio termina com uma xícara de chocolate quente dentro da casa do astrônomo para um bate-papo e tirar dúvidas.

Mas o que eu ainda não contei é que quase fui embora do Atacama sem vivenciar tudo isso. Por quê? Porque eu deixei para o último dia da minha viagem o passeio. Como a lei de Murphy é poderosa, o céu naquela noite apareceu nublado e o passeio somente foi confirmado meia hora antes do seu início, marcado para as 20h30. O negócio funciona assim: você faz uma reserva dias antes, mas a Space somente confirma a realização do tour no final da tarde do dia do passeio, por volta das 17 horas, que é quando você tem que passar na agência de fazer o pagamento. Eles fazem isso porque têm que saber se há condições de visualização do céu. Se não houver, o tour não é realizado. Portanto, uma dica importante: não deixe para o último dia da viagem o tour astronômico porque corre o risco de não acontecer.

Quando chegamos ao quintal do astrônomo havia muitas nuvens no céu e eu desanimei. Mas, ao longo das histórias _ ele deu uma alongada nas explicações para ganhar tempo _ , as nuvens foram se dissipando e acabou não prejudicando a observação do céu. Mas acho que, se tivesse feito em noite mais aberta, teria sido melhor. 

Outro detalhe importante é que não há tour em noites de lua cheia, exatamente porque atrapalha a visualização. Então, programe sua viagem. Veja o calendário lunar aqui

Além da experiência, você pode trazer na bagagem uma foto da lua daquela noite tirada com a ajuda de um dos telescópios. Adorei a recordação! 


GEYSERS DO VULCÃO DEL TATIO


Um dos passeios mais incríveis do Atacama é pegar o amanhecer aos pés do vulcão Tatio. O que todo mundo quer ver são essas crateras no chão em pleno funcionamento, os chamados geysers. A cortina de água e vapor que elas jorram pode alcançar mais de cinco metros de altura. Não é à toa que o Geyser del Tatio é um dos campos geotérmicos mais importantes do mundo.
Mas, para presenciar o fenômeno, há que se fazer sacrifícios. Um deles é acordar ainda na madrugada para pegar a estrada. São quase duas horas de San Pedro de Atacama até o majestoso Tatio. É importante chegar antes do amanhecer para ver os geysers com mais nitidez. É tão grande a força com que essas "criaturas" expelem água e vapor, que algumas até parecem pequenos vulcões.

Alguns geysers são tão antigos que ganham essa forma de vulcão; resultado do acúmulo de minerais expelidos com a água
Outro desafio é suportar o frio. Porque faz muito frio. Peguei -5ºC na chegada ao Tatio. Portanto, tem que ir bem agasalhado. É o passeio que mais vai exigir roupas pesadas (touca, luvas e casaco corta-vento). Dica: se as mãos começarem a “congelar”, pode aproximá-las de um dos geysers e elas ficarão quentinhas novamente. Mas cuidado, a água que sai dali está a mais de 30º C e pode queimar.


Quando se der conta, o céu estará claro e as montanhas que cercam os geysers estarão douradas pelos raios de sol. Uma imagem belíssima.



Piscina termal - Depois do amanhecer, cada agência de turismo prepara um café da manhã ali mesmo de frente para o Tatio e partimos para um outro campo de geysers que tem como principal atração uma piscina natural de água quente. Já adianto que tem que ter coragem para tirar toda a roupa e entrar, mas vale a pena. Afinal, onde mais você vai nadar em uma piscina de água vulcânica???

Mergulho em águas vulcânicas
 De novo, o roteiro desse passeio pode mudar conforme a agência de turismo. Eu decidi fazer um trajeto um pouco maior que, além dos Geysers e uma visita a um povoado minúsculo chamado Machuca (tour normal),  me levou até uma floresta de cactos gigantes (Guatin). Normalmente a ida a Guatin é um outro passeio na maioria das agências. É possível ver cactos com mais de 800 anos e das mais variadas formas. Adorei! Para quem fizer uma estadia mais longa e tiver preparo físico, pode encarar um trekking pelo Vale do Guatin. Eu não fiz, mas o guia que nos acompanhava disse que é muito bonito.

Povoado de Machuca

O trajeto do Tatio até os cactos gigantes é lindo. Se vê lhamas, vicunas e flamingos.  Os geysers, Machuca e Cactos gigantes são um passeio de meio dia. Por volta das 13h você estará de volta ao hotel.




O COLORIDO DO SALAR DE TARA

O Salar de Tara (não confundir com Salar de Talar) é outra opção de passeio de dia inteiro no Atacama, mas está longe de ser cansativo ou monótono. O destino é conhecer belezas naturais bastante curiosas como uma grande muralha de rochas no meio do deserto com nome de Catedrales e esculturas gigantes de lavas de vulcão apelidadas de Monjes de la Pacana.

As cores do Salar de Tara
A van passa cedo no hotel para pegar os turistas. O Salar de Tara é um dos passeios mais distantes de San Pedro de Atacama, por isso, não está entre os mais procurados. São cerca de duas horas em estrada até chegar à primeira parada: os moais de Pacana. São formas imensas de lavas de vulcão de erupções ocorridas há milhares de anos esculpidas pelo tempo. Pode não parecer nada demais, mas é incrível como a gente se surpreende com as figuras que encontramos por lá.



Um dos moais de Pacana
Como já disse, a palavra de ordem nesse tour é contemplar. Em cada parada, há tempo para caminhar sem pressa pelo deserto, sentar em frente a um dos moais e tentar decifrar suas formas ou apreciar a paisagem. O passeio somente pode ser feito com veículo 4x4 e não é recomendável que seja feito sem a companhia de um guia porque o percurso é por trilhas no meio do deserto, sem nenhuma sinalização.

Trilhas sem sinalização exigem a companhia de guias que conheçam a região
A próxima parada é para conhecer as Catedrales, um paredão de rochas no meio do deserto que lembram torres, daí o nome. Ali fizemos a nossa parada para o almoço, incluído no passeio. O cenário não podia ser mais lindo. De um lado estavam as catedrais e, do outro, o Salar de Tara com o seu espetáculo único de cores.

Las Catedrales
Nesse passeio subimos a 4.500 metros de altitude. Portanto, não é recomendável que ele seja feito nos primeiros dias de sua estadia no Atacama. Também são indicadas roupas mais pesadas para enfrentar o vento.

Uma das paisagens mais intrigantes do Atacama: riacho e vegetação em pleno salar

Aproveite as caminhadas durante o passeio para admirar esse céu estonteante

DIVIRTA-SE COM UMA BIKE NO ATACAMA

San Pedro de Atacama tem lojas para alugar bike em toda esquina. Passear pelos arredores da cidade por conta própria é uma opção, além de interessante, mais barata do que os passeios regulares das agências de turismo. Claro, que não dá para ir de bicicleta a todas as atrações turísticas do Atacama, mas existem roteiros bastante acessíveis. As bicicletas são de boas marcas (Trek, Giant e Speciallize), bem conservadas e com todos os equipamentos de segurança (capacete, bomba para pneu e cadeado). Como são muitas lojas, é bom fazer uma pesquisa de preço. O aluguel para o dia todo custa em torno de 5 mil pesos chilenos (US$ 10). 

Eu fiz três passeios de bike no Atacama. Sem pressa, cada um deles me tomou meio dia, cerca de 5 horas. Os lugares são seguros e basta pedir um mapa dos arredores de San Pedro na loja em que alugar a bike, colocar a mochila nas costas e pedalar. 

Quebrada del Diablo e Vale do Catarpe - Foi o passeio de que mais gostei. Ele não exige muito preparo físico porque o trajeto é praticamente todo plano. Parte dele é em estrada de terra, no Vale do Catarpe, e outra em um caminho mais estreito no meio de cânions na Quebrada del Diablo.

Trilha na Quebrada del Diablo
Vou explicar como chegar à Quebrada del Diablo porque os mapas não dão os detalhes necessários. Tem que ficar atento a alguns pontos de referência, porque não há sinalização. Lembre-se que você está no meio do deserto e o caminho é praticamente desabitado. Não tem a quem pedir informações.
Saindo da rua principal de San Pedro (Caracoles), você tem que entrar à direita na rua Domingo Altienza. Vá até o fim dela em direção ao povoado de Pukara Quitor. Tem placas indicando Pukara. Antes de chegar ao monumento arqueológico de Pukara, tem uma ponte de pedra sobre um rio. Atravesse e continue na estrada de terra à margem do riacho. Siga o curso do rio até a entrada do parque de Catarpe. Não se paga nada para entrar e você pode seguir em frente. Nesse caminho vai cruzar alguns pequenos córregos, onde a bike passa tranquilamente.
Comece a prestar a atenção nas poucas placas. Haverá uma bifurcação. Siga no sentido oposto à trilha do "Túnel". Mais à frente encontrará um riacho (foto abaixo).

Rio que precisa ser atravessado para chegar à Quebrada del Diablo
Eu fui em abril e ele já estava com água pela metade do pneu da bike. Mas atravessei sem problemas pedalando. Transpondo a água, você já estará perto da entrada da Quebrada del Diablo. Ela fica à direita, mas a placa que mostra o caminho é muito pequena.

Placa está fixada em poste de madeira (à esq.)
Se passar por ela sem perceber, como eu fiz, vai percorrer o Vale do Catarpe, que também é bacana. Se vir um povoado com a Igreja de San Isidro é porque passou da entrada da Quebrada. Então, volte. Na Quebrada del Diablo o passeio é se deixar levar pelos cânions, apreciar os paredões de pedra. "Ouvir" o silêncio. São coisas simples como essas que fazem esse lugar especial. Não há como se perder. Não há bifurcações, pelo menos até onde eu fui.

Apesar do piso de terra, a trilha é fácil
Se tiver fôlego e disposição, pode deixar a bicicleta aos pés de uma das “montanhas” e subir até o topo para um piquenique. Fechar os olhos e respirar fundo lá em cima. Almocei com vista para o vulcão Licancabur. Foi revigorante.

Vista do Licancabur (à esq.) em cima de um dos paredões da Quebrada del Diablo

Duna de sandboard no Vale da Morte – É outra opção de passeio e o destino é um setor de dunas no meio do Vale da Morte. Fiquei surpresa com a diversidade de paisagens no deserto. Nunca imaginaria que haveria no Atacama uma duna como as que temos aqui no Brasil.


Duna usada para a prática de sandboard no Vale da Morte
O visual desse passeio é totalmente diferente do anterior. Você terá que pedalar uns 4 km pela rodovia que liga San Pedro a Calama. Fique despreocupado porque há acostamento e o caminho é curto. Entre à direita na placa que indica a Cordilheira de Sal. Seguindo esse caminho por estrada de terra chegará à grande duna de areia fininha onde se pratica sandboard. É um passeio mais curto. Se não quiser voltar pelo acostamento, pegue uma estrada de terra sentido Pukara Quitor que fica à direita antes do cruzamento com a rodovia. Depois do povoado de Pukara, você estará em San Pedro. Para quem não quiser ir de bike, há agências de turismo em San Pedro que oferecem o passeio de carro até a duna e equipamentos para fazer sandboard.

Caminho para antigo Túnel em mina de sal – Esse percurso não é longo, mas requer preparo físico porque são muitos trechos de subida. Eu fiz essa trilha na sequência da duna de sandboard, mas podem ser feitos em dias diferentes. O trajeto é o mesmo da Quebrada del Diablo (descrito acima).  Só que na bifurcação, siga a placa “Túnel”. O desafio aqui é a conquista do topo de uma antiga mina de sal. Lá de cima, tem uma vista do Vale do Catarpe e seu oásis verde na imensidão marrom do deserto e um túnel construído em 1930. Algumas pessoas acham que não vale o sacrifício da subida. Para mim, valeu pelo treino. A volta é moleza, só descidas.

A conquista do "Túnel"

Vista do Vale do Catarpe

Depois da subida, uma parada para um descanso com um piquenique

Porta-retrato esculpido pela natureza
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Grand Canyon visto por todos os ângulos

Comentários

  1. Oi Silvia, quanto custou o transfer? Precisa reservar ou é só chegar no aeroporto e contratar?
    Estou em dúvida se contrato tudo aqui do Brasil por uma agênica de viagem mas acho que fica bem mais caro.Rs!
    Beijos e obrigada,
    Ana

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Oi, Ana.
      O transfer custa 22 mil pesos chilenos por pessoa ida e volta na Licancabur transfer. É preciso reservar. Eu reservei daqui do Brasil, mas paguei lá na hora. É só mandar um email para a operadora do transfer pelo site. Acho melhor reservar pq lá no aeroporto de Calama, que é bem pequeno, eu não vi outra opção de transfer, apenas taxi e o preço não compensava para um casal. Só fique atenta e chegue em Calama com alguns pesos, ao menos o suficiente para pagar o transfer porque, senão, vai custar mais do que deveria por causa da cotação do dólar no balcão do transfer. Se eu tivesse levado pesos teria gasto US$ 40. Como paguei em dólares, os 22 mil pesos sairam por US$ 45 por pessoa (ida e volta). Boa viagem!

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  2. Silvia, consigo trocar reais por pesos chilenos no aeroporto de santiago?

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    1. Consegue sim, mas me lembro que o câmbio não era muito favorável. Se puder, prefira levar dólar.

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  3. Silva, você tem dica de agência para fazer os tour?

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  4. Oi Silvia,
    Estou pensando em fazer um mochilão, sabes informar os preços médios dos albergues, passeios?
    Consigo visitar os 5 roteiros citados de bike?
    Obrigado, Paulo

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    Respostas
    1. Você conseguirá fazer somente alguns de bike: vale da lua e da morte e lagunas cejar e tebenquinche. Para os outros é preciso percorrer grandes distâncias, mais de 100 km. Boa viagem!

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  5. Bom dia Silvia,
    Tudo bem?

    Estou planejando uma viagem com o meu namorado para o Reveillon, e gostaria de saber o que compensa mais, alugar um carro ou contratar os passeios por agências? E qual a diferença de valor.

    Obrigada

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    Respostas
    1. A não ser que vcs contratem um guia que conheça o local, acho que o carro pode não ser uma boa opção porque muitos passeios são feitos em trilhas na imensidão do deserto e não há sinalização. Para circular por San Pedro vc não vai precisar de carro. Então, eu avalei na minha viagem que seria um custo desnecessário alugar carro. Além do que as distâncias para os passeios são longas e, dirigir, tornaria as coisas mais cansativas.

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