Primavera na Costa Amalfitana


Deixando para trás a famosa pizza e a caótica Nápoles, o trem parte rumo à Costa Amalfitana. O destino é Sorrento, uma cidade toda arrumadinha e muito fotogênica com suas floreiras e pés de limão nas calçadas. Ela é a porta de entrada para a Costa Amalfitana. A viagem dura cerca de uma hora e meia. A chegada na hora do almoço foi providencial. Ali encontrei o melhor restaurante da viagem (Zi'Ntonio), recomendado no Good Value Menu, do Guia Michelin. O nhoque à sorrentina foi de comer ajoelhado. A praça principal de Sorrento e as vielas que partem dela concentram a maioria dos restaurantes.

Vista do boulevard em Sorrento
Com o sol mais ameno, a viagem seguiu, então, de carro pela famosa estrada da Costa Amalfitana, construída à beira de penhascos e extremamente sinuosa. O destino foi Positano, a cerca de uma hora de Sorrento. A estrada em si é um passeio, apesar das muitas curvas. Há muitos mirantes e paisagens de tirar o fôlego. Também é possível chegar a Positano a partir de Sorrento por barco ou ônibus.

Como estava de carro, decidi desviar um pouco a rota e conhecer uma piscina natural nos arredores de Sorrento chamada Bagni della Regina Giovanna. O acesso é liberado e é preciso fazer uma curta caminhada para chegar ao local. No verão, ele é uma alternativa para quem procura um banho refrescante e não muito cheio de turistas. Por uma fenda, a água do mar entra num poço natural cercado por rochas, formando uma piscina natural.

Piscina natural em Sorrento
Do alto da piscina saem passarelas que levam a um mirante onde se pode relaxar após o mergulho ou somente apreciar a vista.

Mirante de piscina natural em Capo de Sorrento

As praias da Costa Amalfitana

Pela ordem, as praias da Costa Amalfitana são Positano, Praiano, Amalfi, Ravello, Maiori, Minori, Cetara e Vietri Sul Mare. As mais badaladas são Positano e Amalfi. Eu preferi me hospedar em Positano porque me pareceu maior, com mais estrutura e, apesar de movimentada, tem a opção de ficar em ruas tranquilas. Estacionamentos por lá custam bem caros, portanto, é comum deixar os carros parados na própria rodovia na entrada de Positano. Dentro da cidade, dá para fazer tudo a pé. Escadarias públicas cortam o penhasco. Em 15 minutos você chega ao nível do mar, saindo do topo do vilarejo. 

O melhor jeito de conhecer é mesmo caminhar pelas escadas e descobrir lojinhas, mercados, quitandas. Não deixe de provar as frutas fresquinhas nas rústicas mercearias. O tomate picadille e o morango foram inesquecíveis. Nada de acidez e muito doces. Eles não saíram mais da mochila para um lanche rápido durante os passeios.



Com um carro alugado, a descoberta da Costa Amalfitana foi aos poucos. A cada dia, percorri um trecho da estrada, parando em cada vilarejo. Três dias foram suficientes para conhecer os sete vilarejos mencionados. Comecei por Vietri Sul Mare, famosa pelas cerâmicas.

Vielas de Vietri Sul Mare

Tradicional cerâmica de Vietri Sul Mare
 A parada para o almoço foi em Cetara, em um restaurante lindo em um antigo convento (Al Convento).

Praça principal de Cetara 

 No caminho de volta a Positano está Ravello, um vilarejo no alto do penhasco com vielas tranquilas, estilo medieval e um dos pontos mais privilegiados para avistar a Costa Amalfitana.

Cesta de limão siciliano gigante em viela de Ravello

Paisagem a partir de um dos mirantes de Ravello

No dia seguinte, optamos por ir até Amalfi pelo mar. No porto em Positano, pegamos uma embarcação (8 euros por pessoa) e, em cerca de 30 minutos, chegamos a Amalfi.
  
Vista de Positano a partir do mar
Chegada a Amalfi após passeio de barco


Trekking entre Amalfi e Positano

Um dos mirantes na trilha

Na lista dos cenários mais românticos da Europa, a Costa Amalfitana, no sul da Itália, é um destino badalado. Cenário de filmes, com seus penhascos, mar azul, carros conversíveis, lambretas e cachecóis ao vento, a região convida para dias de luxo e ostentação. Mas, em meio a tanta natureza, me parecia impossível que essa região não tivesse um lado aventureiro. E lá fui eu em busca do "Sentiero degli Dei". Em português, o Caminho dos Deuses. Sim, um trekking de cerca de três horas que corta um trecho da Costa Amalfitana do alto dos penhascos. Sem exageros, é quase assim que nos sentimos quando estamos lá em cima, percorrendo caminhos de terra estreitos, à beira de abismos e com uma visão total do mar azul, das casas encravadas nas montanhas, das plantações do famoso limão siciliano e do céu.  

Início da caminhada
Todo mundo sabe que a estonteante Costa Amalfitana não é dos lugares mais baratos da Itália. A imensa maioria dos passeios é pago, o que, às vezes, se torna inviável para quem está com o orçamento contado. Muita gente diz que os passeios de barco são a melhor maneira de ter uma ideia da grandiosidade dessa parte do litoral italiano. Eu concordo que é um passeio bacanérrimo, mas descobri que não é a única maneira de ter uma vista privilegiada dessa região. Fica a dica.

Gastando menos de 10 euros, a trilha proporciona uma vista privilegiada porque caminhamos bem pertinho das nuvens, em meio a muito verde e num silêncio relaxante. Às vezes, só interrompido pelos béééé de cabras ou algum pássaro.

Rebanho de cabras
O trekking começa num vilarejo chamado Bomerano e termina em Nocelle, um vilarejo perto de Positano. Não precisa de guia nem é de grande dificuldade, mas requer alguma familiaridade com trilhas porque há trechos em que o terreno é bem acidentado. Com cuidado e calma, pode ser feita pela maioria dos aventureiros. Posso dizer que o almoço-piquenique que fiz lá do alto, debaixo de uma árvore e saboreando um sanduíche de queijo Fior di Latte (tradicional da região) e presunto Parma, que comprei numa salumeria no vilarejo de Bomerano, onde começa a trilha, ficará para sempre na minha memória.




Vamos às informações sobre a logística, porque, chegar ao paraíso, claro, exige esforço. A trilha começa na vila de Bomerano, em Agerola, uma cidadezinha da Costa Amalfitana, perto de Amalfi. Para chegar até lá, terá que pegar em Amalfi um ônibus comum urbano com destino a Pomeriggio. 

Os tickets são vendidos no quiosque de informações turísticas na praça principal de Amalfi e custam menos de 2 euros. A viagem dura uns 40 minutos. Peça para descer no ponto de Bomerano. Quando eu fui, o ônibus quase inteiro desceu nessa parada. Daí, você terá que caminhar (5 minutinhos) até o centro da vila, que se resume a uma praça, com padaria, café e uma salumeria divina. Tem uma placa bem grande em frente ao ponto de ônibus indicando a direção.

Eu recomendo que você compre na salumeria o queijo Fior de Latte, o presunto Parma e o pão de focaccia e peça para a atendente montar o sanduíche pra você. Eles são muito gentis e fazem isso numa boa. Fatiam o quanto você quiser de queijo e do presunto e preparam o sanduíche. Sem fazer economia nos ingredientes, paguei 5 euros por dois sanduíches. Inesquecível!!!! Compre também água. Na trilha, há locais para reabastecer o cantil. Com a mochila pronta, comece a caminhada. A trilha sai dali pertinho da igreja e é bem sinalizada. De resto, é só afiar as canelas e contemplar.


Bebedouro ao longo da trilha
Quando chegar em Nocelle, tem ônibus para Positano. Há quem faça o caminho na ordem inversa, começando por Nocelle. Mas precisa saber que a trilha é mais árdua, porque é subida. Para mim, acabou sendo um passeio de dia inteiro, porque, como estava hospedade em Positano, precisei me deslocar até Amalfi (optei pelo ferry-boat a 8 euros e dura 20 minutos). Comecei a caminhar por volta do meio-dia e terminei depois de mais ou menos 3 horas. Sem pressa, parando para fotos, descanso e piquenique.


Capri: o diamante da Costa Amalfitana

Uma noite e um dia em Capri, o destino estrelado da Costa Amalfitana. A ilha é bem pequena e dividida entre Capri e Anacapri. As duas merecem ser visitadas a pé, com tranquilidade e sem rumo por suas ruelas. Há linhas de ônibus ligando as duas partes e isso facilita muito o deslocamento já que do porto até lá em cima é uma subida e tanto. Em Anacapri recomendo o passeio de teleférico, que leva a um dos extremos da ilha e proporciona uma visão geral da região.

Teleférico em Anacapri

A viela mais chique de Capri
Outra forma de conhecer Capri é por barco. Do porto saem passeios durante todo o dia para circular a ilha e conhecer algumas grutas, entre elas, a Gruta Azul, a mais procurada. Os barcos entram por uma pequena fenda e lá dentro o show é a cor da água e um espetáculo protagonizado pelos timoneiros das embarcações. Não vou entrar em detalhes para não estragar a surpresa.


Congestionamento de barco para entrar na Gruta Azul

Aperitivo da Gruta Azul




Comentários

  1. Olá Silvia!
    Vi seu post e adorei as dicas! Estou pensando em fazer a Costa Amalfitana de bike no ano que vem. O que você acha??
    Qual época do ano você foi??
    Obrigada!
    Maria Fernanda

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Maria Fernanda. Adorei sua ideia. Eu fui em maio de 2015 e achei uma ótima época porque não tem a lotação da alta temporada e, por outro lado, as temperaturas já estão amenas, nem muito frio nem calor. Pelo que vi, é possível sim fazer a Costa Amalfitana de bike, mas é preciso preparo físico e cuidado. A rodovia da Costa é muito perigosa, sinuosa, estreita e movimentada. Eu vi alguns ciclistas pelo caminho de bike speed, mas eles estavam treinando apenas, não viajando. Não há ciclovia ou faixa para ciclista. Mas, se vc tem experiência e sendo cautelosa, acho que pode ser interessante. Planeje seu roteiro e boa viagem!

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Pantanal supera incêndio e encanta com diversidade

Lençóis maranhenses: pé no chão e mochila nas costas

Bogotá usa passado colonial para promover cultura e gastronomia